top of page
  • Foto do escritorHeli Gonçalves Moreira

A Produtividade e o Engajamento

Outro dia, conversando com um amigo e cliente de longa data, quando falávamos sobre a conjuntura brasileira, obviamente, chegamos à conclusão que está um caos, uma absoluta e generalizada inversão de valores. Esse tipo de conversa não é novidade alguma. Se alguém nos ouvisse diria que estamos perdendo tempo.


Como ninguém nos ouvia resolvemos continuar, mais por interesse do meu amigo. Comentou que seus gestores e colaboradores não estavam entregando os resultados necessários à rentabilidade da empresa, mesmo os primeiros recebendo elevados bônus e os demais uma boa participação nos resultados, decorrente de um acordo com o sindicato.


As razões alegadas pelos gestores, já as conhecemos, as mesmas de sempre. Apesar do compromisso das equipes as metas não eram sistematicamente cumpridas. Os recursos necessários, de uma forma geral, estavam disponibilizados. O que, de fato, faltava era o engajamento dos empregados, tanto individual quanto coletivo. Essa situação sempre existiu, confessou meu amigo e só agora veio à tona. Uma crise sempre expõe as feridas de uma forma incontestável.


Nessa altura da conversa, já muito aborrecido, mas confiando em nosso relacionamento, meu amigo completou: “a empresa paga os melhores salários do setor, oferece um sem-número de benefícios que outras empresas não oferecem, boas condições de trabalho, cumpre a legislação. Não dá pra entender”.


Você já percebeu que o sindicato não aparece nessa história, provavelmente em razão da preocupação com a súbita queda de suas receitas, decorrente da extinção das contribuições compulsórias.


Com o sindicato dando uma trégua e com o problema identificado, restava enuncia-lo para podermos encontrar uma solução, no caso, um tanto quanto óbvia.


O óbvio muitas vezes turva a visão de quem vê, mas não enxerga. Me faz lembrar minha mãe, quando me pedia para pegar algo e eu não encontrava: - Está debaixo do seu nariz. Presta a atenção!


Costumamos buscar a solução em locais distantes, fora do problema, enquanto ela, na maioria das vezes, faz parte do problema, escondida em algum detalhe obscuro, inaudível. Para encontrá-la faça com que as pessoas envolvidas falem sobre o problema e aí ela aparece, debaixo do nariz.


Situações como essa eu vivenciei ao longo dos últimos sessenta e poucos anos, inclusive com algumas empresas que já não existem mais – não resistiram.


Durante esse tempo, assessorando empresas sólidas e de boa reputação, sempre fui guiado por algumas crenças e atitudes que balizam os programas, projetos e soluções implementados que desenvolvemos em nossa consultoria.


Boas políticas e práticas de remuneração, benefícios e serviços de qualidade, saúde e segurança ao pessoal, cumprimento rigoroso da legislação, entre outras, são atitudes fundamentais para a empresa que busca a produtividade. Tanto que a grande maioria já as praticam. São condições necessárias, entretanto, insuficientes para o pleno engajamento das pessoas.


Voltando à conversa com meu amigo, concluímos que ele, até então, não investia o suficiente para se ter uma liderança capacitada e comprometida com a gestão do ambiente de trabalho. Daí não ter percebido que uma boa liderança se credencia a ter o pleno respeito da sua equipe a partir de três comportamentos e atitudes no cotidiano das relações no trabalho: assumir, decidir e comunicar.


Assumir que, enquanto um colaborador da sua equipe tem um problema, esse problema também é seu e é sua obrigação orientar e ajudar a resolver.


Costumo afirmar em minhas palestras e treinamentos que não existe nada pior do que um “chefe que enrola”, que não decide. Decisões oportunas são essenciais para o fluxo do trabalho e tranquilidade das pessoas.


A comunicação é a expressão da liderança. Desenvolvendo um trabalho numa outra empresa, o gerente de uma área produtiva me questionou sobre o que fazer com um supervisor muito bom, mas que não conseguia se comunicar com a equipe, apesar de todo o treinamento recebido. Ele era muito tímido. Respondi que ele deveria pensar seriamente em substitui-lo. Comunicar é condição essencial de quem lidera.


A partir da prática dessas atitudes é possível implementar através da liderança, uma comunicação estruturada, aberta, receptiva e permanente. O caminho mais curto entre a liderança e seus liderados no cotidiano é o diálogo. Através dessa linha direta, a liderança consegue saber o que os empregados querem, de fato. Com esse valioso instrumento de gestão os espaços para dúvidas e achismos são reduzidos ou eliminados.


Minha longa convivência com centenas de ambientes de trabalho, milhares de lideranças e trabalhadores me permite inferir que o empregado brasileiro típico, além da garantia de um trabalho, tem basicamente cinco aspirações; ganhar mais dinheiro, ser respeitado como profissional e cidadão, entender o significado das coisas, partilhar do sucesso da empresa e trabalhar em paz.


O ambiente de trabalho, onde tudo, de bom e de ruim, acontece, é um dos bens mais preciosos de uma empresa e de seus empregados, um verdadeiro patrimônio social e cultural e, como tal, requer zelo permanente para mantê-lo saudável, harmônico e produtivo, capaz de atrair, reter e engajar a liderança com os valores empresariais e metas setoriais e, através dela, engajar os colaboradores.


A história do meu amigo empresário teve um final feliz, pois ficou convencido que o desafio, apesar de grande, compensava os resultados.


Considerando o momento da conjuntura em transição, com novas tecnologias, novas e ágeis formas de comunicação influenciando novos comportamentos e atitudes e, como consequência, novas formas de relacionamento entre o capital-trabalho, recomendei, o meu amigo aprovou e foram implementadas duas ferramentas, distintas e complementares, voltadas para a gestão do ambiente de trabalho.


A primeira, denominada Ciclos do Diálogo, com foco na construção e manutenção de um ambiente saudável, harmônico e produtivo, fortalecendo a comunicação como a expressão da liderança interna e a segunda, denominada Valorização do Emprego, com o objetivo de promover o endomarketing, comprometer a liderança com as políticas e práticas de recursos humanos e obter o comprometimento e engajamento dos colaboradores com os resultados da empresa.


Creio que o convencimento final do meu amigo empresário foi a explicação detalhada que fiz sobre o funcionamento, objetivos e propósitos das ferramentas de gestão.


O Programa Ciclos do Diálogo está idealizado e estruturado para capacitar e comprometer a liderança, em todos os níveis, estimular e facilitar a livre manifestação, individual e coletiva, de todos os profissionais, ouvindo-os de forma sistemática e comprometendo-se com ações e respostas assertivas, sejam elas negativas ou positivas, em curto espaço de tempo.


Assim, a prática do Diálogo passa a ser a forma prioritária de solução dos problemas e desvios do cotidiano das relações no trabalho, removendo os obstáculos e desimpedindo o caminho para a produtividade, por meio de sugestões e propostas espontâneas emanadas dos próprios colaboradores.


O Projeto Valorização do Emprego, complementando o anterior, promove uma profunda reflexão sobre o real valor do emprego, fazendo com que cada empregado e seus familiares, sintam orgulho em pertencer à uma empresa de sucesso, que se preocupa com seus profissionais cidadãos, no sentido de:

  • possibilitar um planejamento e garantir uma boa qualidade de vida pessoal, profissional e familiar;

  • praticar a responsabilidade social e promover atividades culturais, sociais, esportivas e de lazer;

  • reconhecer o bom desempenho, promover o desenvolvimento e oferecer oportunidades; e

  • Incentivar a participação em atividades e projetos especiais e delegar mais autonomia.

Na contrapartida, a empresa recebe o reconhecimento e engajamento dos profissionais e o comprometimento com os valores e metas setoriais.

O Programa Ciclos do Diálogo e o Projeto Valorização do Emprego representam um excelente conjunto de instrumentos para serem utilizados no cotidiano e, estrategicamente, em ocasiões oportunas, como: desenvolvimentos de projetos empresariais significativos e/ou de grande criticidade, processos de mudança de alta complexidade e impacto, períodos de negociação sindical.


Heli Gonçalves Moreira

bottom of page